quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

 



Nosso Amor

Nosso amor é como o beijo de serpente,
Anda por entre árvores de tempestades,
Vive como um sonho ambulante, de repente...
Não se abala com os tititis de inverdades.

Nosso amor é como o sono de criança,
Anda na contramão do próprio destino,
Sempre ganha fôlego de esperança,
Nunca morre na boca de um felino.

Sem dogmas do divino, vai errante,
Sem pragmatismo histórico, vai vivendo,
Pleno de um desejo estonteante.

Esse amor só quer encontrar seu posto,
Vive voando nas costas do vento,
Buscando em suas asas o seu porto.


Referência

FERNANDES, Osmar. Nosso Amor. Recanto das Letras, 4 mar. 2009. Reeditado em 4 mar. 2009. Código do texto: T1468164. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br. Acesso em: 26 fev. 2025. Licença Creative Commons: Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Não é permitido uso comercial nem a criação de obras derivadas.

 

Estudo Aprofundado do Poema "Nosso Amor"

 

Introdução

 

O poema Nosso Amor, de Osmar Fernandes, é um soneto que reflete sobre a natureza intensa e libertadora do amor. Utilizando metáforas marcantes e um tom poético envolvente, o autor descreve um amor que desafia convenções, atravessa desafios e se mantém vivo apesar das adversidades. A composição alterna entre imagens de força e delicadeza, revelando um amor que não se prende a dogmas ou imposições sociais.

 

Análise Estrutural e Temática

Forma e Estrutura

O poema segue a estrutura clássica do soneto, composto por:

  • Dois quartetos (estrofes de quatro versos) → Introduzem o tema e as características do amor descrito pelo eu lírico.
  • Dois tercetos (estrofes de três versos) → Desenvolvem e concluem a ideia, enfatizando a busca desse amor por seu destino.

O soneto não segue uma métrica rígida, o que confere fluidez e naturalidade à leitura. O esquema de rimas também não é fixo, mas mantém uma harmonia sonora ao longo dos versos.

Figuras de Linguagem

1.      Metáforas e Comparações

    • "Nosso amor é como o beijo de serpente" → Sugere um amor sedutor e imprevisível, que pode ser tanto perigoso quanto fascinante.
    • "Nosso amor é como o sono de criança" → Contrasta com a imagem anterior, trazendo uma sensação de inocência e tranquilidade.
    • "Vive voando nas costas do vento" → Representa um amor livre, que não se prende a amarras ou limitações.

2.      Personificação

    • "Nunca morre na boca de um felino" → O amor é descrito como algo vivo e resistente, que não se deixa destruir.

3.      Antítese

    • O poema trabalha contrastes que reforçam a complexidade do amor:
      • "Anda na contramão do próprio destino" → Mostra um amor que desafia as regras e expectativas da vida.
      • "Sem dogmas do divino, vai errante / Sem pragmatismo histórico, vai vivendo" → Destaca um amor livre de imposições religiosas ou sociais.

Interpretação

O soneto apresenta um amor que transcende regras, convenções e limitações. Ele é forte o suficiente para enfrentar desafios, mas ao mesmo tempo carrega uma leveza e pureza que o tornam único.

A alternância entre metáforas de intensidade e suavidade reforça a ideia de que o amor pode ser paradoxal: é selvagem, mas também inocente; é livre, mas busca um porto seguro. A última estrofe sugere essa busca, mostrando que, apesar da independência, esse amor deseja encontrar seu destino.


Conclusão

O poema Nosso Amor, de Osmar Fernandes, é um soneto que retrata o amor como uma força indomável, que resiste a imposições externas e segue seu próprio caminho. Através de metáforas expressivas e um jogo de contrastes, o autor constrói uma visão rica e intensa do sentimento, destacando sua dualidade entre liberdade e desejo de pertencimento. A estrutura fluida e o tom poético fazem do soneto uma leitura envolvente, capaz de ressoar profundamente com o leitor.

 

Análise do Poema "Nosso Amor"

 

O poema "Nosso Amor", de Osmar Fernandes, é uma obra que explora a temática do amor de forma intensa e profunda. Através de uma linguagem rica e evocativa, o poema descreve o amor como uma força poderosa e libertadora que transcende as limitações e os condicionamentos da vida.

A estrutura do poema é marcada por uma série de metáforas e comparações que buscam capturar a essência do amor. O amor é comparado a um beijo de serpente, que é ao mesmo tempo perigoso e sedutor. É descrito como um sonho ambulante que pode surgir a qualquer momento e transformar a vida.

O poema também explora a ideia de que o amor é uma força que pode superar as adversidades e os obstáculos. É dito que o amor não se abala com as inverdades e que pode encontrar seu posto mesmo em meio à tempestade.

A linguagem do poema é rica e evocativa, com uso de imagens simbólicas e metáforas que adicionam profundidade e complexidade à obra. O uso de palavras como "serpente", "tempestade", "sonho" e "vento" cria uma atmosfera de intensidade e paixão que é característica do amor.

 

Análise dos Quartetos e Tercetos

 

O poema é composto por quatro quartetos e um terceto final. Cada quarteto explora um aspecto diferente do amor, enquanto o terceto final sintetiza as ideias apresentadas anteriormente.

O primeiro quarteto apresenta o amor como uma força poderosa e libertadora que pode transformar a vida. O segundo quarteto explora a ideia de que o amor é uma força que pode superar as adversidades e os obstáculos. O terceiro quarteto descreve o amor como um sonho ambulante que pode surgir a qualquer momento e transformar a vida. O quarto quarteto apresenta o amor como uma força que pode encontrar seu posto mesmo em meio à tempestade.

O terceto final sintetiza as ideias apresentadas anteriormente, destacando a importância da paixão e da intensidade no amor.

 

Análise Temática

 

- O amor como uma força poderosa e libertadora

- A capacidade do amor de superar as adversidades e os obstáculos

- A ideia de que o amor é uma força que pode transformar a vida

- A importância da paixão e da intensidade no amor

 

Análise Literária

 

- Uso de metáforas e comparações para descrever o amor

- Linguagem rica e evocativa

- Uso de imagens simbólicas para adicionar profundidade e complexidade à obra

- Estrutura do poema marcada por uma série de estrofes que exploram diferentes aspectos do amor.

 

Em resumo, o poema "Nosso Amor" é uma obra que explora a temática do amor de forma intensa e profunda. Através de uma linguagem rica e evocativa, o poema descreve o amor como uma força poderosa e libertadora que transcende as limitações e os condicionamentos da vida. A análise dos quartetos e tercetos revela uma estrutura cuidadosamente planejada que explora diferentes aspectos do amor.


 



Amor

 

Não bastam beijos, gestos de ternura,

Nem doces laços presos à ilusão.

O amor resiste ao tempo e à amargura,

Revela a luz na sombra e escuridão.

 

Na dor é forte e mostra seu valor,

Em frio ou fogo, sempre há de existir.

Na confiança expande seu calor,

E faz na fé a vida reflorir.

 

Paixão é chama, vento a leva embora,

Fulgor que brilha e cedo se desfaz.

O amor, porém, sustenta e revigora.

 

Nos dá abrigo e nunca é fugaz,

É sol eterno, em paz ou em tormenta,

Na dor renasce e nunca se lamenta.

 

FERNANDES, Osmar Soares. Amor. Recanto das Letras, 3 jul. 2020. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/6995206. Acesso em: 21 fev. 2025.

Introdução

A poesia tem sido, ao longo da história, um dos meios mais sublimes para expressar os sentimentos humanos, e o soneto, em especial, exige rigor métrico e harmonia na composição. No soneto "Amor", o professor e poeta Osmar Soares Fernandes apresenta uma reflexão profunda sobre a diferença entre o amor verdadeiro e a paixão efêmera, explorando a resistência do primeiro diante das adversidades da vida.

Com uma estrutura clássica e um esquema de rimas bem elaborado, Fernandes destaca a natureza inabalável do amor, contrastando-o com a fugacidade da paixão. Utilizando recursos estilísticos como metáforas, antíteses e personificações, o autor constrói uma mensagem atemporal que exalta a força do amor, capaz de superar desafios e permanecer inalterado mesmo diante das tempestades da existência.

Neste estudo, analisaremos a métrica, a estrutura, os recursos linguísticos e a temática do soneto, destacando como cada elemento contribui para a expressividade e a beleza do poema de Osmar Soares Fernandes.

1. Estrutura e Forma

O poema segue a estrutura clássica do soneto, composto por 14 versos decassílabos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. O esquema de rimas utilizado é ABAB ABAB CDC DCD, uma variação comum do soneto italiano.


2. Temática e Análise

O soneto aborda a distinção entre amor verdadeiro e paixão efêmera, destacando a resistência e a profundidade do primeiro, em contraste com a transitoriedade da segunda.

Primeira estrofe (exposição da ideia central)

O eu lírico refuta a ideia de que o amor se resume a gestos superficiais:

"Não bastam beijos, gestos de ternura,
Nem doces laços presos à ilusão."

Aqui, o poeta sugere que o amor não se sustenta apenas em demonstrações externas, mas é algo mais profundo e duradouro. O verdadeiro amor persiste mesmo diante da adversidade:

"O amor resiste ao tempo e à amargura,
Revela a luz na sombra e escuridão."

O uso de antíteses ("tempo e amargura", "luz e sombra") reforça a ideia de que o amor verdadeiro sobrevive às dificuldades.

Segunda estrofe (desenvolvimento do tema)

O amor é testado pelo sofrimento e pela confiança:

"Na dor é forte e mostra seu valor,
Em frio ou fogo, sempre há de existir."

A metáfora do frio e do fogo representa os desafios extremos da vida, e o amor se mantém firme em ambas as situações. Já no verso:

"Na confiança expande seu calor,
E faz na fé a vida reflorir."

O amor é associado à confiança e à fé, elementos essenciais para sua permanência.

Primeiro terceto (contraposição entre paixão e amor)

Aqui, o poeta diferencia a paixão do amor:

"Paixão é chama, vento a leva embora,
Fulgor que brilha e cedo se desfaz."

A imagem da chama levada pelo vento reforça o caráter passageiro da paixão. O brilho efêmero sugere um entusiasmo que logo desaparece.

Último terceto (conclusão e exaltação do amor verdadeiro)

O amor, por outro lado, é apresentado como duradouro e restaurador:

"Nos dá abrigo e nunca é fugaz,
É sol eterno, em paz ou em tormenta,
Na dor renasce e nunca se lamenta."

A metáfora do "sol eterno" reforça a constância e a luz do amor, que permanece tanto na paz quanto na adversidade. O último verso encerra com uma imagem de resiliência e plenitude.


3. Figuras de Linguagem

O poema utiliza diversas figuras de linguagem para enriquecer sua mensagem:

  • Antítese: “luz e sombra”, “frio ou fogo”, “em paz ou em tormenta” – cria contraste entre os desafios e a permanência do amor.
  • Metáfora: “Paixão é chama, vento a leva embora” – compara a paixão a uma chama volátil.
  • Personificação: “O amor resiste”, “faz na fé a vida reflorir” – atribui ações humanas ao amor.
  • Comparação implícita: “É sol eterno” – o amor é comparado ao sol, enfatizando sua permanência.

4. Conclusão

O soneto exalta o amor verdadeiro como um sentimento inabalável, contrastando-o com a paixão, que é passageira. O uso de imagens naturais, como o sol e o vento, reforça essa ideia. A musicalidade e a escolha precisa das palavras tornam o poema harmonioso e impactante.

Contagem silábica de cada verso do soneto, seguindo a métrica poética, que considera a contagem até a última sílaba tônica e a sinalefa (fusão de vogais entre palavras):

Primeira estrofe

  1. Não bas-tam bei-jos, ges-tos de ter-nu-ra (10 sílabas)
  2. Nem do-ces la-ços pre-sos à i-lu-são. (10 sílabas)
  3. O a-mor re-sis-te ao tem-po e à a-mar-gu-ra, (10 sílabas)
  4. Re-ve-la a luz na som-bra e es-cu-ri-dão. (10 sílabas)

Segunda estrofe

  1. Na dor é for-te e mos-tra seu va-lor, (10 sílabas)
  2. Em fri-o ou fo-go, sem-pre há de ex-is-tir. (10 sílabas)
  3. Na con-fi-an-ça ex-pan-de seu ca-lor, (10 sílabas)
  4. E faz na fé a vi-da re-flo-rir. (10 sílabas)

Primeiro terceto

  1. Pai-xão é cha-ma, ven-to a le-va em-bo-ra, (10 sílabas)
  2. Ful-gor que bri-lha e ce-do se des-faz. (10 sílabas)
  3. O a-mor, po-rém, sus-ten-ta e re-vi-go-ra. (10 sílabas)

Último terceto

  1. Nos dá a-bri-go e nun-ca é fu-gaz, (10 sílabas)
  2. É sol e-ter-no, em paz ou em tor-men-ta, (10 sílabas)
  3. Na dor re-nas-ce e nun-ca se la-men-ta. (10 sílabas)

O que são sinalefas?

A sinalefa ocorre quando duas vogais pertencentes a palavras diferentes são pronunciadas juntas como uma única sílaba. Isso impacta a contagem silábica dos versos.

Agora, vou destacar as sinalefas no seu poema e revisar a contagem sílabica com mais precisão.


Primeira estrofe

  1. Não bas-tam bei-jos, ges-tos de ter-nu-ra (10 sílabas)
  2. Nem do-ces la-ços pre-sos à i-lu-são. (**10 sílabas, sinalefa em "à i-lu-são" → ài-lu-são)
  3. O a-mor re-sis-te ao tem-po e à a-mar-gu-ra, (**10 sílabas, sinalefa em "e à" → eà-a-mar-gu-ra)
  4. Re-ve-la a luz na som-bra e es-cu-ri-dão. (**10 sílabas, sinalefa em "e es-cu-ri-dão" → eës-cu-ri-dão)

Segunda estrofe

  1. Na dor é for-te e mos-tra seu va-lor, (**10 sílabas, sinalefa em "e mos-tra" → eë-mos-tra)
  2. Em fri-o ou fo-go, sem-pre há de ex-is-tir. (**10 sílabas, sinalefas em "fri-o ou" → fri-ou e "sempre há" → sem-preá)
  3. Na con-fi-an-ça ex-pan-de seu ca-lor, (10 sílabas)
  4. E faz na fé a vi-da re-flo-rir. (**10 sílabas, sinalefa em "fé a" → féa)

Primeiro terceto

  1. Pai-xão é cha-ma, ven-to a le-va em-bo-ra, (**10 sílabas, sinalefa em "le-va em-bo-ra" → le-vaëm-bo-ra)
  2. Ful-gor que bri-lha e ce-do se des-faz. (**10 sílabas, sinalefa em "brilha e" → bri-lhaë)
  3. O a-mor, po-rém, sus-ten-ta e re-vi-go-ra. (**10 sílabas, sinalefa em "e re-vi-go-ra" → eë-re-vi-go-ra)

Último terceto

  1. Nos dá a-bri-go e nun-ca é fu-gaz, (**10 sílabas, sinalefas em "e nun-ca" → eë-nun-ca e "é fu-gaz" → é-fu-gaz)
  2. É sol e-ter-no, em paz ou em tor-men-ta, (**10 sílabas, sinalefa em "ou em" → ou-em)
  3. Na dor re-nas-ce e nun-ca se la-men-ta. (**10 sílabas, sinalefa em "e nun-ca" → eë-nun-ca)

O poema faz uso de várias sinalefas, e elas são essenciais para manter a métrica decassílaba. Os principais casos encontrados foram:

  • "à i-lu-são" → ài-lu-são
  • "e à a-mar-gu-ra" → eà-a-mar-gu-ra
  • "e es-cu-ri-dão" → eës-cu-ri-dão
  • "e mos-tra" → eë-mos-tra
  • "fri-o ou" → fri-ou
  • "sempre há" → sem-preá
  • "fé a" → féa
  • "le-va em-bo-ra" → le-vaëm-bo-ra
  • "brilha e" → bri-lhaë
  • "e re-vi-go-ra" → eë-re-vi-go-ra
  • "e nun-ca" → eë-nun-ca
  • "é fu-gaz" → é-fu-gaz
  • "ou em" → ou-em

 

Conclusão

O soneto segue rigorosamente a métrica decassílaba, mantendo a cadência clássica dos sonetos. Há o uso correto de sinalefas ("sempre há" → sem-pre há), o que ajuda a encaixar os versos dentro da métrica sem perder a fluidez.

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