Miss Brasil - março de 1949
PRÓLOGO
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O CONCURSO MISS BRASIL 1949
..........Nestas páginas encontram nossos leitores os retratos das jovens que concorreram ao título de "MISS BRASIL". Concurso patrocinado pelo "Comité Internacional pour L'Election de Miss Universo", todo o Brasil tomou parte ativa no pleito organizado, em nosso país, pelo vespertino o "O GLOBO".
..........O júri integrado pelos srs. Alfredo Nasser, senador pelo Estado de Góias; Herbert Moses, presidente da A.B.I.; Bruno Giorgi; Flavio Castrioto, Prefeito de Petrópolis; Cel. Mario Gomes da Silva, diretor da Companhia Siderúrgica Nacional; Rogério Marinho, diretor de "O Globo"; Murilo Nery; Levi Neves, vereador do Distrito Federal; e os fotógrafos Themistocles Halfeld e Jean Manzon, depois de longa deliberação fêz conhecer seu veredito, concedendo à srta. Jussara Marques, representante do Estado de Goiás, o título de "Miss Brasil". (Vida Doméstica, julho-1949)
..........O Miss Brasil 1949 foi realizado no Hotel Quitandinha, Petrópolis, no dia 12 /06/1949 e dele participaram as seguintes misses:
Miss Amazonas - Maria Amália Ferreira
Miss Espírito Santo - Yeda Finamore
Miss Estado do Rio de Janeiro – Cora Laterça
Miss Distrito Federal - Marina Cunha
Miss Goiás – Jussara Marques
Miss Maranhão - Norma Guedes
Miss Minas Gerais – Maria da Glória Drumond
Miss Pará - Brigitte Riebisch
Miss Paraná – Josemary Caldeira
Miss Pernambuco – Maria Auxiliadora Manguinho
Miss Rio Grande do Sul - Miriam Hartz
Miss São Paulo – Margarida Frussa
Miss Território do Acre - Risoleta Queiroz Costa
Miss Território do Rio Branco - Glória Blenner
A favorita era a carioca Marina Cunha, Miss Distrito Federal, mas a vencedora foi Jussara Marques, Miss Goiana, e assim ficou o resultado:
1º Lugar: Miss Goiás, Jussara Marques
2º Lugar: Miss Distrito Federal, Marina Cunha
3º Lugar: Miss São Paulo, Margarida Frussa
4º Lugar: Miss Amazonas, Maria Amália Ferreira
Jussara Marques, Miss Góias, 1º lugar.
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Marina Cunha, Miss Distrito Federal, 2º lugar, e Margarida Frussa, Miss São Paulo, 3º lugar.
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Maria Amália Ferreira, Miss Amazonas, 4º lugar, e Maria Auxiliadora Manguinho, Miss Pernambuco.
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Miriam Hartz, Miss Rio Grande do Sul, e Yeda Finamore, Miss Espírito Santo.
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Brigitte Riebisch, Miss Pará.
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Glória Blenner, Miss Território do Rio Branco, e Maria da Glória Drumond, Miss Minas Gerais.
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Risoleta Queiroz Costa, Miss Território do Acre.
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Norma Guedes, Miss Maranhão.
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Cora Laterça, Miss Estado do Rio de Janeiro, e Josemary Caldeira, Miss Paraná.
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..........Detalhe: Maria da Glória Drummond, Miss Minas Gerais, casou-se com o famoso colunista social Ibrahim Sued (1924-1995), e se tornou grande figura de destaque da sociedade carioca com o nome de Glorinha Sued.
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RECEPÇÃO NO PALÁCIO GUANABARA
..........O Prefeito do Distrito Federal e sra. Deborá Mendes de Morais abriram os salões do Palácio Guanabara para uma esplêndida recepção, em que foram apresentadas as jovens que disputaram o título de Miss Brasil, para o concurso Internacional, organizado no Brasil pelo "O GLOBO", em que a nossa patrícia deverá comparecer.
..........Festa de beleza e de inteligência. de elegância e distinção, onde compareceram o sr. Presidente da República, Ministros de Estado e altas autoridades federais e municipais. Durante recepção fizeram-se ouvir os irmãos Lourival e Otacíclio Batista, cantores nordestinos, que alegraram o ambiente com seus desafios.
..........E enquanto a numerosa assistência se deliciava com os cânticos nordestinos dos irmãos Batista, as horas passavam rápidas. O sr. General Angelo Mendes de Morais e sua senhora Dona Debora Mendes de Morais, foram de cativante gentileza para com seus convidados, que encheram o salão nobre do Palácio Guanabara e o jardim de inverno, onde a orquestra de Xavier Cugat executou vários números de seu repertório.
(Revista Vida Doméstica, julho de 1949)
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JUSSARA, UM BROTINHO GOIANO
Jussara Marques, Miss Brasil 1949, na capa de uma das mais prestigiadas revistas brasileiras da época, Vida Doméstica, Ano XXX - Nº 377, Agosto de 1949.
..........Jussara Marques, cujo nome às vezes aparece escrito nos meios de comunicação da época como Jussara Marquez, com “z” no final, era filha do casal Ormides Martins de Souza e Isaura de Souza Martins, nasceu emItumbiara, Goiás, e foi morar em Goiânia em 1941, na Rua 02. Ela foi Rainha dos Estudantes, vice-Rainha da Primavera, Glamour Girl e Miss Goiás representando o Goiás Esporte Clube, patrocinada pelo jornal “A Folha de Goiaz”.
..........No mesmo ano em que Jussara foi eleita Miss Brasil, sua família comemorou outro importante título de beleza: Jurema, a irmã caçula, foi eleita Rainha dos Esportes do Brasil.
..........O reinado de Jussara Marques durou cinco anos, pois os brasileiros só conheceram outra Miss Brasil em 1954, quando houve novo concurso e a eleita foi a baiana Marta Rocha.
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Todos se recordam do concurso de Miss Brasil de 1949, que polarizou as atenções de todo mundo, que escolhia sua candidata, fincava pé e fazia inimizades se aparecia um impertinente para dizer que fulana era a melhor do que beltrana. Marina Cunha, Miss Distrito Federal, era a candidata mais cotada para o título, inclusive pelos promotores do concurso e pelo Sr.Raul Guastini, seu cabo eleitoral nº 1. Mas houve um desentendimento entre Guastini e Marina. Os promotores do concurso ficaram aturdidos. Já se tinha como certa a escolha de Marina, como Miss Brasil. Mas Raul Guastini estava queimado e fez uma intervenção espetacular. Proibiu os mentores do Miss Brasil de eleger Marina. Se o fizessem...
..........- Quem pode ser Miss Brasil, meu Deus? - Esta era a pergunta dos promotores do concurso, quando alguém teve um estalo e gritou: - Jussara.
..........- Sim, Jussara!
..........Jussara Marques era exatamente um brotinho goiano, de 18 anos, de longos cabelos e beleza suave, ao mesmo tempo que exótica. O brotinho goiano recebeu faixa, título, presentes, propostas para o cinema, pedidos de casamento. Podia integrar-se na metrópole, casar com alguém bem posto na vida, ser estrela de filme de Lima Barreto. Não fez nada disso. Voltou à província. E há seis anos joga tênis, dá entrevistas e dirige seu Vanguard
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLDdU4YIJnxNsZ3BXSgSgcCu99kchAndHuyUk0xvJgRf6ewuVsjdNAyz9AYn_biz5ZCpat01_L795N6KKwzI-XCdLdq3C4x4GEz87BrOnH8gJvuxgh_94Y4DvGAxwIgah_6ESEQTVN57I/s640/Jussara-3.jpg)
(Texto de Antônio Rocha, fotos de Gervásio Batista, revistaMANCHETE,12/06/1954)
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JUSSARA, NOME DE CIDADE EM GÓIAS
..........A cidade goiana de Jussara , a 240 km de Goiânia, tem esse nome em homenagem à Miss Brasil 1949, sugestão de Orozimbo Coimbra Bueno, pai deJerônimo Coimbra Bueno, então Governador de Góias.
..........A cidade de Jussara está localizada no oeste goiano e é um dos principais municípios da região. Tudo começou com a fundação da Colônia Agrícola Água Limpa, em terras do município da cidade de Goiás. Os primeiros colonos,Estevão Fernandes Rebouças e Limírio Neves de Mota, ergueram uma capela em louvor do Senhor Bom Jesus da Lapa, dando início ao povoado chamado deÁgua Limpa. Em 1950, o nome mudou para Jussara. No dia 12/11/1953, Jussara foi elevada a distrito. Emancipou-se em 14/11/1958. A agropecuária é a sua maior fonte de economia e a terra fértil propicia o cultivo da lavoura com grande êxito.
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JUSSARA, UMA DAS GRANDES DAMAS DA SOCIEDADE DE BRASÍLIA
..........No segundo semestre de 1954, Jussara Marques casou-se na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Belo Horizonte, com o bancário Marcelino Champagnat de Amorim, seu primeiro e único namorado, natural de Patos de Minas.
Nos anos 70, morando em Brasília e gozando do imenso prestígio de ser uma das grandes damas da capital do país, Jussara posou para esta foto ao lado de três dos seus quatro filhos. Mulher ativa, elegante e inteligente, a Miss Brasil 1949 dividia o tempo com o lar, o tênis e a vice-presidência da Casa do Candango. (Foto: Revista FATOS & FOTOS,17/06/1974)
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JUSSARA, A MORTE DE UMA MISS
..........Jussara Marques morreu no dia 24/02/2006 e no dia seguinte o Diário de Goiás assim destacou o seu falecimento:
..........Mulher apaixonada pelas artes, atenciosa com a família e sem nenhuma vaidade. Apesar de ter entrado para a história do estado como a primeira e única goiana a ser eleita Miss Brasil, em março de 1949, Jussara Souza Marquez de Amorim era simples, não se apegava a bens materiais. Os sentimentos eram mais importantes. Ontem, aos 74 anos, morreu e deixou filhos, netos e parentes conscientes desses valores.
..........Jussara vivia no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro. A sua companhia era o filho Vinícius Marquez, 40. Ele era motivo de orgulho por se tornar teatrólogo. Assistir às peças dele era como um presente para a Miss Brasil. Desde jovem, ver as cortinas se abrirem a encantava. “Minha mãe era uma artista. Sempre gostou de tudo relacionado a área cultural. Artesanato era um de seus dons”, descreveu a jornalista Paula Marquez, 42, por telefone, durante o velório no Cemitério do Caju.
..........O último pedido de Jussara foi para que os familiares jogassem suas cinzas no mar carioca. A cremação seria hoje de manhã. A cerimônia de despedida não tem data marcada por causa do carnaval. “Nessa época o Rio de Janeiro pára”, justificou Paula, que se consolou logo em seguida. “Pelo menos minha mãe não sofreu”, disse. A Miss Brasil morreu de câncer. A doença, descoberta no final do ano passado, se espalhou do pulmão para outros órgãos em pouco mais de um mês.
..........Após se emocionar outra vez, Paula lembrou das atividades de Jussara. “Ela viajava o País inteiro para negociar obras de artes”, disse. Era fã de Van Gogh. Na literatura, se deliciava com o chileno Pablo Neruda. O verso “Dois amantes felizes não têm fim nem morte, nascem e morrem tanta vez enquanto vivem, são eternos como é a natureza”, do poema Walking Around, pode ser usado para traduzir o pensamento da filha ao se recordar da mãe e do pai, Marcelino de Amorim, que morreu há 13 anos.
..........A única Miss Brasil por Goiás deu nome ao município de Jussara (a 223 km de Goiânia). Na época, era o povoado de Água Limpa. “Ela ficou muito agradecida, disse que foi maravilhoso”, conta Paula. A filha lembrou que a mãe ganhou uma fazenda na região, mas nunca tomou posse da terra. “Não importava o dinheiro. O carinho recebido nas homenagens a emocionava.
..........Paula disse que Jussara aproveitou o período em que foi eleita Miss Brasil, mas que não serviu de pretexto para alimentar o ego. “O que passou, passou. Depois foi cuidar da vida, teve quatro filhos”, contou. Gostava de preparar comidas típicas de Goiás, como arroz com pequi e empadão goiano. Os netos eram muito paparicados. Ao se casar em 1954, mudou-se para Belo Horizonte (MG). Depois, morou no Rio e Distrito Federal. O marido era bancário. A paixão pelas terras cariocas falou mais alto e por lá ficou até a morte. “Mas sempre visitava Goiânia, onde tem parentes”, ressaltou.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF5PffD0bVFqgztMESt1P1zVjVlFSd03OXsOaByIFj_mi1p9IlfpQ6ugALrxnPxo0qnjwH1GV1NyDFZi27gFA2x844PceiFMVwlPtO40bDyd2sf48KQd5h4Sba9JosCB3n9VQLsMu1fzg/s400/Jussara-4.jpg) |
Jussara Marques. Foto: revista Manchete, 04/07/1959 |
.....EPÍLOGO
..........VVou encerrar esta secção com o epílogo original daquele março de 2009. Ei-lo:
..........Jussara tinha orgulho de suas raízes e em entrevista ao repórter Antônio Rocha (Manchete, 12/06/1954) declarou:
Tenho raiva de quem fala mal de Goiás. Logo que eu cheguei ao Rio briguei com Halfed – o fotógrafo, sabe? - porque ele me perguntou se era verdade que uma onça comera o porteiro do cinema. Respondi-lhe que em Goiás os cinemas não tinham mais porteiros. Tantos botassem tantas as onças comiam.
..........Imagino o orgulho de quem nasce na cidade de Jussara explicando a origem do nome da sua cidade natal. Deve ser mais ou menos assim:
..........Sou de Jussara, com dois “s”. Juçara com “ç” é nome de palmeira. O nome da minha cidade homenageia Jussara Marques, uma jovem linda que foi eleita Miss Brasil 1949.
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Por Daslan Melo Lima
Maracanãzinho, Rio de Janeiro, noite de 04 de julho de 1964. Milhares de pessoas estavam ansiosas. Nos bastidores, vinte e quatro jovens estavam mais ansiosas ainda. Era a noite da eleição da Miss Brasil 1964.
Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963. (Foto: Revista Fatos & Fotos, 11/07/1964)
Nos bastidores, uma moça também estava muito ansiosa. Seu nome: Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963, que naquela noite estaria passando o título de Miss Brasil para sua sucessora.
Desfile de abertura do concurso Miss Brasil 1964. (Foto: MANCHETE, 18/07/1964)
O espetáculo teve início ao som da marcha “Cidade Maravilhosa”, executada pela Banda da Polícia Militar e acompanhada em coro por um público estimado em 50.000 pessoas. Na comissão julgadora, atentos a todos os detalhes, estavam: Pomona Politis, Justino Martins, Tônia Carrero, Accioly Neto, Mitsi de Almeida Magalhães,Oscar Santamaría, Edite Guimarães, Leão Veloso, Eda de Luds, Hélio Beltrão eEdilson Varela.
Após o desfile de gala, e antes do desfile de maiô, aconteceu a apresentação dos trajes típicos.
O desfile de trajes típicos começou sob intensa euforia da multidão. É que, minutos antes, a Banda da Polícia Militar, localizada atrás da mesa dos jurados, havia executado o Bigorrilho. A melodia tomou conta do público, que pôs-se a cantar em coro, com indisfarçável saudades do carnaval. (Revista MANCHETE, 18/07/1964)
Bigorrilho, samba-coco da autoria de Sebastião Gomes, Paquito e Romeu Gentil, gravado por Jorge Veiga, foi o maior sucesso do carnaval brasileiro de 1964.
Lá em casa tinha um bigorrilho
Bigorrilho fazia mingau
Bigorrilho foi quem me ensinou
A tirar o cavaco do pau
Trepa Antônio
O siri tá no pau
Eu também sei tirar
O cavaco do pau
Dona Dadá, Dona Didi
Seu marido entrou aí
Ele tem que sair
Ele tem que sair
Maria Isabel Avelar Elias, Miss Sergipe, de "Vaqueiro Nordestino", traje típico estilizado tendo como ponto de atração as calças de couro sobre um fundo de malha azul.(Foto:MANCHETE, 18/07/1964)
Evandro de Castro Lima foi o responsável para indicar o melhor traje típico, prêmio que coube a Maria Isabel Avelar Elias, Miss Sergipe. Detalhe: Vera Lúcia Couto dos Santos, Miss Guanabara, usou um traje de baiana estilizada, criação do próprio Evandro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7_NpijaN4T34Yr1lTabRIZzueJRr5krmSyE1v2ACoRB49AdcbvbQXb8MtdF0VoecGDQYKVcYWMw50vXpMqdLKeTbRfKCjFsr7ZlLolM2R-_ZQ3WP6aXTKulvqR7sSY0-Ywgv13mUrcPBL/s400/Nostalgia-Fin64-2.jpg)
As nove finalistas do concurso Miss Brasil 1964, em foto de MANCHETE, de 18/07/1964). Da esquerda para a direita:
Ana Maria Carvalhedo, Miss Ceará, 9º lugar;
Rosa Maria Gallas, Miss Rio Grande do Sul, 7º lugar;
Neli Cavalcanti Padilha, Miss Rio Grande do Norte, 5º lugar;
Vera Lúcia Couto dos Santos, Miss Guanabara, 2º lugar;
Ângela Teresa Pereira Reis Neto Vasconcelos, Miss Paraná, 1º lugar;
Maria Isabel Avelar Elias, Miss Sergipe, 3º lugar;
Ana Maria Costa Caldas, Miss Pernambuco, 4º lugar;
Cecília Rangel Martins da Rocha, Miss Estado do Rio, 6º lugar;
Marília de Dirceu da Silva, Miss Minas Gerais, 8º lugar.
O imenso público ficou satisfeito com o resultado, mas lamentou a não inclusão de Miss Pernambuco no Top 3.
Faltavam seis minutos para as duas horas de domingo quando a mesa dos jurados foi desmontada e, em seguida, transformada em pedestal para as misses. O trono, de veludo vermelho, recebeu como adornos laterais duas enormes cestas de rosas brancas.
Ieda Maria, ostentando sua belíssima coroa de Miss Universo e com um vestido comprido bordado em brilhantes, surgiu sozinha, no palco. Sentou-se, pela última vez, no trono da beleza. As finalistas começaram a ladeá-la (...). Às duas horas e cinco minutos, Ieda Maria Vargas transferiu para Ângela Teresa Vasconcelos o manto de veludo vermelho com gola de arminho, o cetro e a coroa de Miss Brasil. (MANCHETE, 18/07/1964)
A despedida de Ieda Maria Vargas. (Foto: Revista Fatos & Fotos, 11/07/1964)
Nunca o Maracanãzinho viveu um instante como aquele. Ieda Maria Vargas era a primeira Miss Universo que coroava uma Miss Brasil. No momento em que ela passava para a representante do Paraná a faixa e a coroa, que antes do triunfo em Miami lhe haviam pertencido, e deu seu adeus ao público, avassaladora emoção se apoderou de todos.
Moças e senhoras não resistiram ao impacto dessa despedida, tão simples e, ao mesmo tempo, tão comovedora. Lágrimas lhes vieram aos olhos. Era como se uma rainha, jovem e bela, abdicasse imprevistamente, deixando o trono para viver no exílio a vida sem brilho das pessoas comuns. Todo um mundo de sonhos e de ilusões parecia terminar. Até então, a linda gauchinha recebera as reverências e homenagens devidas a uma soberana da beleza no esplendor de sua glória. Em breve, ela seria apenas uma ex-Miss Brasil. Os aplausos às novas belezas já significavam o seu próprio ocaso. Era o início do fim de um breve e maravilhoso reinado.
Ela própria não escapou à intensa emoção daquele momento. Estava abalada embora infinitamente reconhecida aos aplausos e manifestações de carinho da platéia.
(MANCHETE, 18/07/1964)
Ângela Vasconcelos, Miss Paraná, Miss Brasil 1964, coroada por Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963. (Foto: MANCHETE, 18/07/1964)
Após a coroação da Miss Brasil 1964, a fisionomia compenetrada de Ieda Maria Vargas contrastava com o rosto sorridente de Ângela Vasconcelos. A foto acima, reproduzida da revista MANCHETE, de 18/07/1964, espelha o espírito do texto abaixo.
Ela era muito jovem quando descobriu a mortalidade. Depois de um ano desfrutando o Olimpo, entregou o cetro à nova divindade. Quando a faixa se transferiu de corpo, os flashes também deslocaram seu foco. Ieda descobriu-se só no palco que a havia consagrado. “Foi a primeira vez que chorei em público. Pensei: sou um objeto." (Revista ÉPOCA, 13/03/2000, trecho da reportagem “Entardecer no Olimpo”, de Eliane Brum.)
Ieda recebeu o apelido de “Baby” durante o Miss Universo 1963. Naquela ocasião, a miss foi procurada por Peter Sellers para ser estrela de cinema. Deu a resposta recomendada a uma menina de família: “Vou voltar para Porto Alegre, casar e ter filhos”, disse ao futuro inspetor Clouseau. Poderia ter sido ela, e não Cláudia Cardinale, a brilhar em A Pantera Cor-de-Rosa. Vargas poderia ter sido Cardinale. Teria sido mais feliz? (ÉPOCA, 13/03/2000)
Ieda Maria Vargas em 2000 (Foto: Denise Adams/ÉPOCA, 13/03/2000)
Dentro do seu ideal de felicidade, Ieda foi feliz. É feliz. Com inteligência, equilíbrio, classe e categoria não se permitiu ser um objeto. Ieda casou, teve dois filhos e curte a tranqüilidade do seu lar acompanhada das boas lembranças do passado e das saudades eternas do esposo José Carlos Athanásio.
Ieda Maria Vargas Athanásio, de óculos, ao lado das amigas Rejane Camargo, Sheila Baron, Márcia Cairolli e Martha Médici, em Porto Alegre, em recente acontecimento social. (Foto: Cortesia, www.fernandomachado.com.br)
Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963, como todo mortal, deve chorar lágrimas solitárias, mas dentro do seu ideal de felicidade Ieda foi feliz. É feliz. Assim Seja!
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Segundo, não é possível esquecer que a gaúcha IOLANDA PEREIRA, natural de Pelotas e, que casada com um militar, viveu por longos anos no Rio de Janeiro, foi MISS UNIVERSO em 1930. Essa história, sem bairrismo, não apenas ressalta a beleza das mulheres gaúchas, primeiras no Ranking, bem como ressalta a beleza das mulheres brasileiras.
Tal fato é preciso constar da história do Miss Brasil e do Miss Universo, como um feito singular e pioneiro. No blog "ESPAÇO GÓTICO" (acesso via Google, bastando digitar o título do Blog) a própria Iolanda Pereira, cuja foto está lá postada, fala a um jornalista da sua conquista em 1930.
Assim, com o sentido de colaborar, esperando tal fato e feito passem a constar da VERDADEIRA HISTÓRIA DO MISS BRASIL, incluido, inclusive, a foto da gaúcha de Pelotas, IOLANDA PEREIRA.
Site:
1)http://jhbelasmisses.blogspot.com/2011/01/yolanda-pereira-miss-brasil-e-miss.html
2)http://xicojunior.blogspot.com/2007/06/yolanda-pereira-primeira-miss-universo.html
3) http://pt.wikipedia.org/wiki/Yolanda_Pereira
Aguardando a atenção e a reparação do lapso histórico,
Att.
Xico Júnior
Jornalista e Cronista Social há 45 anos, Acervista, Historiador, Escritor com 6 livros já publicados.